por Cláudia Cardozo

Foto: TJ-BA
A eleição da desembargadora Maria do Socorro para
presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), em 2015, era uma
sinalização de que o tribunal queria viver momentos de paz. Na época, a
avaliação dos corredores era que Socorro, com sua veia artística, traria
leveza ao tribunal, e poderia tirar o órgão do furacão das diversas
notícias sobre a eficiência da Corte. E na última sessão plenária
conduzida por ela, ocorrida na manhã desta quarta-feira (24), foi esta a
avaliação de seus pares. O desembargador José Edivaldo Rocha
Rotondano a comparou com “bolas de sabão”, por não ter asas, mas voar
pela leveza e não carregar consigo “tristezas e desilusões”, por viver
apenas o momento. Segundo o desembargador, "Socorrinho", assim chamado
pelos colegas de toga, “se revelou uma grande administradora, uma pessoa
que conquistou o coração de todos”. “Nunca nos sentimos tão amparados,
tão bem apaziguados emocionalmente, como nesse período que a senhora
passou à frente desse Tribunal de Justiça da Bahia”, afirmou. Ele
lembrou que, desde que chegou no TJ, há cerca de cinco anos, trabalhou
com ela, e sempre a chamou de “Irmã Dulce, Dulcinha do Coração” e
confessou que os desembargadores não tinham o “conhecimento da grande
administradora, da grande política” que ela foi nesse período. Também
destacou que foi com ela que o tribunal conquistou o Selo Ouro do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Foram quase duas horas de homenagens
desfiadas pelos colegas de tribunal. E, em meio a lágrimas, ela recebeu
os aplausos dos participantes da sessão plenária. Oficialmente, ela
ocupa o posto mais alto do tribunal até o dia 31 de janeiro, quando
realizará as últimas inaugurações de sua gestão. No dia 1º de fevereiro,
assume seu sucessor, o desembargador Gesivaldo Britto, que afirmou
estar “morrendo de inveja” da presidente pelos elogios. “Vou ter que me
esforçar mais e mais”, disse. “Peço a Deus que eu consiga fazer o mínimo
que vossa excelência fez pelo tribunal. Eu não vou largar seu osso. A
gente tem que aprender as coisas, consertar as coisas ruins e seguir em
frente”, disse Gesivaldo a Socorro. Representando a chefe do Ministério
Público da Bahia (MP-BA), Ediene Lousado, a procuradora-geral Adjunta,
Sandra Mandra, se pronunciou. “O Ministério Público não poderia se
desincumbir da missão que lhe cabe, que a direita do juiz, a direita da
presidência, do magistrado, dizer da harmonia e da convivência que
tivemos nesses dois anos. Eu lhe conheci há pouco, no Conselho da
Magistratura, e posso assegurar que vossa excelência nesses dois anos de
turbulência que vive o país foi a maior, a melhor surpresa, a maior e
melhor aquisição que órgão público da relevância do Tribunal de Justiça
da Bahia teve nesses dois anos”, avaliou. Parafraseando Roberto Carlos,
ela disse que "o quanto é grande o meu amor por você”, e que neste
tempo estreitou “laços institucionais e afetivos”. “Eu desconheço um
líder que tenha saído sem nenhum desgaste como vossa excelência está
saindo desse tribunal”, ponderou. Socorro fez questão de agradecer pelos
elogios. “É impossível alguém ouvir tanto e conseguir se expressar. É
impossível. Eu só tenho a dizer aos senhores que estou segurando desde o
início da primeira fala para não chorar. E acho que não vou conseguir.
Depois de dois anos de tanto amor, de tanta cooperação, de tanto
sentimento, de tanto afeto, eu só tenho por todos que dizer muito
obrigada. Muito obrigada, meus amigos, meus colaboradores, meus guias.
Até a próxima sessão com desembargador Gesivaldo, se Deus quiser, e ele
quer”, finalizou a sessão.
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